terça-feira, 6 de novembro de 2012

TRILHA DO OURO E PEDRAS PRECIOSAS DESCOBERTA POR ANHANGUERA




Trilha de pedras que leva a Cachoeira do Rosário, em Pirinópolis, lugar desbravado pelo bandeirante
Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera ou Diabo Velho.

Nem acredito que calcei meus velhos tênis de trilha, novamente, depois de tanto tempo, mofando no guardarroupa. Graças a um convite de amigos queridos, Dagmar Coutinho e o maridão Paulo Soeiro, pude esticar o último final de semana em Goiânia, a trabalho, fazendo uma trilha de jipe até Nossa Senhora do Rosário. Situada no município de Pirinópolis, a cerca de 170 kms de Goiânia, trata-se de uma propriedade particular, preservada somente para visitas ecológicas ao seu santuário de pássaros, pedras e cachoeiras, faz parte do preservado patrimônio histórico da fundação de Goiás, pelos bandeirantes paulistas, ainda no século XVI, por Bartolomeu Bueno da Silva. Ali, ele iniciou o primeiro povoado, chamado de Minas de Nossa Senhora do Rosário de Meia Ponte que, em 1890, viria a se chamar Pirinópolis, inspirada nos Montes Pireneus, por causa da semelhança da cadeia de montanhas que a contorna, à dos montes italianos.  

Infelizmente, para os meus amigos que adoram o Troller  e suas peripécias, como a região toda é de cerrado, o clima é muito seco e quase não chove por lá, durante o ano, há pouquíssimos riachos cortando o caminho e tornando a aventura “menos” prazerosa ou enlameada, prá quem é do ramo. “Jipeiro que é jipeiro, quer emoções, e atolar o jipe é a principal delas”, explica Dagmar, a fiel escudeira e co-piloto do Paulo, nas longas viagens que já fizeram pelo Brasil  e exterior. Ano passado, viajaram mais de ????kms, só para conhecer o Deserto do Atacama. Por lá, ficaram 10 dias, explorando o deserto de sal, curtindo a água quentinha dos gêiseres, se familiarizando com lhamas e pessoas das comunidades indígenas que encontram à beira da estrada. “Foram dias mágicos”, dizem eles, e eu, que vi e chorei com as fotos, não hei de duvidar, jamais.

Voltando ao nosso passeio em Piri, como eles abreviam o nome do município onde está localizada a Cachoeira do Rosário, pode não ter sido emocionante, no sentido de ter atoleiros ou não, pela frente, mas prá mim, que estava bem cansada dessa rotina de cidade grande, também foi mágico, pois o reencontro com a natureza é uma das coisas que não posso prescindir nessa minha vida. Pude respirar ar puro, arquivar na memória das retinas aquela imensidão de verde por todos os lados, experimentar comidas e bebidas típicas e, de quebra, delirar com o brilho das pedras preciosas, que brotam no caminho dos viajeiros. Não foi por outra razão que o “nosso” Anhanguera ganhou este apelido, na região. Contam os historiadores, que, em 1682, Bartolomeu Bueno da Silva, empreendeu uma bandeira até o Rio Araguaia. Na volta, ao passar pelo Rio Vermelho, fez contato com uma tribo de indígenas, os Goyá. Vendo as mulheres enfeitadas com pequenas lascas de ouro, obrigou-as a mostrar-lhes o local das minas, ateando fogo a uma cuia de aguardente com sua espingarda. Por isso, descobriu o ouro e ganhou a alcunha de Anhanguera que em tupi significa diabo-velho ou o espírito malígno.
Para os jipeiros profissionais, a região é muito seca e deixa a desejar em termos de atoleiros  ou mangues,
principalmente, nesta época do ano.
 

Depois de uns 20 kms com um bocado de solavancos no jipe, chegamos à Casa das Pedras, ou Stone House, como é conhecida (claro, que o nome tem que ser em “ingreis”, prá ficar mais chique, né???Dessa caipirice, não podemos escapar, mesmo!!!. Mas a recepção hiperfestiva do Demócrito (lá também é a terra do Demóstenes, o senador caçado!!!Não deu prá não atentar para esse gosto dos goianos por nomes gregos...heheh) compensou a sede que já nos ressecava a garganta e o chacoalhar dos corpos dentro do jipe, como se estivéssemos num liquidificador ambulante. O rapaz, atenciosíssimo, foi logo nos oferecendo uma cachacinha temperada com raiz de jurubeba  cultivada no olho do formigueiro, “prá despertar o nosso anjo”, segundo ele. Achei a frase megapoética. Adoro essas expressões matutas, de gente que faz poesia, assim, sem mais nem porquê, e vai assoprando-as ao léu, sem nenhuma preocupação egoísta  de anotar nada, pra desenvolver depois, como nós, os poetas da cidade, costumamos fazer, sempre que encontramos uma palavra ou expressão que nos inspire.




Descida muito íngreme, eu, Paulo e Aline, apoiadíssimos a nossos cajados.
Um apoio e tanto. Quase que se pode dispensar "o anjo"...quase!!!!
Claro que não resisti ao convite e não fosse o caminho íngreme de pedras que teríamos que descer, ainda, até a gigante cachoeira, uns 100 ms abaixo, teria dado um porre no meu anjo. Ou seja, em vez de despertá-lo, ele iria é dormir e roncar para todo o sempre, anestesiado com o espírito etílico da jurubebinha. Mas, como trilheiro que se preze, não abre mão da responsabilidade, nessas horas, achei melhor ouvir o conselho do Demócrito e despertar o meu anjo da guarda, mesmo, em vez de alcoolizá-lo, porquê, certamente, fora de forma do jeito que estou, iria precisar de toda a sua ajuda.
Paradinha na Casa de Pedra, com direito a cachacinha para "despertar o anjo",
antes de descer a cachoeira.
 
Como já estávamos com muita fome, ficamos por ali, descansando um pouco dos solavancos, bebericando a cachacinha bem de leve, enquanto degustávamos entradinhas preparadas no fogão à lenha, como torresmos, feijão tropeiro e queijo fresco com goiabada. Um banquete, que nos estimulou a continuar a caminhada, em seguida, muito mais entusiasmados. E lá fomos nós, encarar o desafio de descer a trilha de pedras. E bota desafio, nisso, pois, apesar de curtinha, ela é totalmente descendente, e quase não se consegue dar dois passos seguidos, sem se apoiar em alguma coisa. Por isso, providenciais cajados são preparados e deixados logo no começo da trilha, prá nos amparar no percurso. Depois de muitas paradas para respirar e tirar fotos, chegamos a uma clareira na mata fechada, com uma piscina natural de água muito transparente, e protegida por um paredão de pedras. Uma cortina de água refrescante, se jogava lá de cima, tranquila e com a persistência dos deuses.
 



Enfim, a Cachoeira Nsa. Senhora do Rosário: uma cortinha refrescante de água, belíssima.
Uauuuuuuuuu!!! Ficamos ali, extasiados com toda aquela beleza, por segundos que pareceram séculos. Então, um novo desafio pela frente: encarar as águas geladas da cachoeira. Eu, que me afogo em qualquer palmo dágua, morro de medo, e quase nunca me atrevo a ser das primeiras a me atirar nelas. Por isso, esperei pelo sinal seguro do Paulo, seguido pela Dagmar, e até pela Aline, a doce filhinha deles, que nos brindou com o charme e a manha de sua pré-adolescência durante o passeio, tornando nosso convívio muito mais doce e aconchegante. (Thanks, Aline, adoreiiiiiiiiii você e não me esqueci do seu boné de abas retas, não, viu???) Quando todos eles já estavam íntimos das águas que não estavam tão geladas assim, eu criei coragem e entrei também, pelo menos na beiradinha, prá refrescar o corpitcho. Acabamos ficando quase umas duas horas ali, brincando na água, sentados nas pedras, jogando conversa fora e esticando o tempo, ao máximo.
Embaixo, uma piscina de água translúcida e natural, mas gelada.
Só para os fortes. .
 


Logo, porém, o anjo da cachaça nos despertou desse idílio com as águas da cachoeira. Trocamos a roupa molhada por outras secas, e nos pusemos a caminhar de novo. Dessa vez, optamos por um caminho menos íngreme, embora mais longo, todo calçado de pedras, também, e com vários riozinhos recortando-o, de quando em quando. Ótimas oportunidades para paradinhas estratégicas para um respiro mais profundo e, claro, muiiiiiiitas poses prá fotos, que ninguém é de ferro, né? A chegada à casa de pedra, demorou um pouco mais, do que na descida prá cachoeira, mas foi menos cansativa.
Na subida de volta à Casa de Pedra, uma paradinha prá respirar e...clicar:Paulo, Dagmar e Aline, meus anfitriões em Goiânia (GO).
 

Chegamos e já fomos direto nos reabastecer no fogão de lenha, pois o cheirinho da comida caseira,despertou uma multidão de anjos da fome, dentro de nós. Difícil foi escolher o que comer, entre tantas iguarias da roça, que eu não experimentava, há muito tempo: quiabo e milho refogados, purê de abóbora, linguiça apimentada assada, galinha de cabidela -- prato típico da região norte de Goiás, e também mineiro!!! --, arroz de pequi, outra sensação goiana, que eu adoooooro, feijão tropeiro, feijão preto, arroz branco, e contra-filé na chapa, assado na hora e ao gosto do freguês.  Afff.....difícil foi manter a dieta, nessa hora. Nenhum de nós três, creio que se lembrou desse capítulo de nossas vidas urbanas, à beira daquele fogão enfeitado com caldeirões de delícias.
 

O resultado desses nossos esforços intrépidos, armados de pratos, garfos e facas, foi a preguicinha após o almoço. Mas isso, tira-se de letra, na Casa de Pedras ou Stone House, prá quem preferir o nome anglo-saxônico, pois, providencialmente, o Demócrito também pensou nesse detalhe advindo da ação pantagruélica dos seus clientes e improvisou um mezzanino com vista para os “pirineus goianos”, decorado com várias redes, ao estilo indígena. Depois de tanta comida, e exaustos com a caminhada, quem é que resiste a este apelo? Só eu, que não relaxo nunca, fiquei perambulando pelos jardins, enfeitados com pedras preciosas –sim, ametistas gigantes, até!!!!—e esqueletos de árvores ressequidos, à espera de algum duende. E logo ele, ou melhor, ela, a fadinha encantada chamada Aline veio me fazer companhia. Ficamos ali, juntas, explorando os recursos de nossas câmeras fotográficas, enquanto o Paulo e a Dagmar se refestelavam nas redes.
 
Comidinha caseria no fogão à lenha: impossível resistir...
 

Logo mais, era hora de voltar prá casa, mas antes ainda continuamos o passeio até o centro de Pirinópolis, uns 20 kms à frente, desde a fazenda Nsa. Senhora do Rosário e sua distintíssima casa-pedreira.  À noite, no centrinho de Piri, que mais parece um cenário de novela das nove, de tão bem conservado, como Patrimônio Histórico tombado pelo IPAHN (Instituto Nacional do Patrimônio Histórico), a ferveção corre solta, pois o lugar é um point da moçada bonita de Brasília e arounds, que desce em peso prá lá, atrás de azaração, comida e bebida fartas, e muita diversão. Nesses dias, estavam com uma programação de boa música de MPB, com estrelas de primeira grandeza, como o mineiro Milton Nascimento, entre outros. Óbvio que, por causa disso, o lugar estava lotado de carros e pessoas, e era quase impossível achar um local prá estacionar o “nosso” jipe.

 

Quando finalmente conseguimos isso, foi um alívio. E dá-lhe caminhadas de novo, desta vez, pelas calçadas de pedras centenárias que ali foram colocadas por escravos no século XVII.  Eu, que sou uma amante inveterada de pedras preciosas brasileiras, fiquei aturdida com tantos ateliêrs de designers de jóias, comprovando, mais uma vez, a origem da lendária figura do Anhanguera, o diabo-velho. Ali, o turista se encanta diante das vitrines e sua profusão de peças enfeitadas com ametistas, rubelitas, topázios, quartzos de todas as cores, e até gemas estrangeiras, como a ametista boliviana que nos encantou demais: metade ametista e metade topázio. Então, encontrei o meu colar de águas-marinhas, há tempos desejado. Mas, infelizmente, ainda não foi desta vez que o trouxe comigo. Melhor, assim, tenho mais um motivo prá voltar a Goiás, loguinho!!!Muiiiiiiiito precioso!!!

Voltamos pra Goiânia, quase meia noite, na companhia de uma estonteante lua cheia nos céus, iluminando o nosso caminho e nos desejando uma boa viagem.

 

 

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Camburi Hostel:Café da manhã em companhia muito especial, pássaros silvestres







Imagine acordar num lugar, onde é possível tomar o café da manhã, na companhia de pássaros silvestres de todas as cores e cantos, que vêm, aos bandos, buscar migalhas de pão e frutas, direto das suas mãos! Pois é, isso não é sonho. E você pode realizá-lo num único final de semana, partindo de São Paulo, em apenas duas horas de estrada, pela Rodovia Mogi-Bertioga. Basta fazer a sua reserva no Camburi Hostel, uma pousada filiada ao Hostel International – cadeia de hostels internacional – e você verá que é possível deixar para trás todo o estresse da cidade grande, em algumas poucas horas, proporcionado pela mudança radical de ambiente, onde a paz, a segurança e o ar puro, ainda são possíveis.



Pequena reserva de Mata Atlâtnica no quintal do Hostel:  o paraíso existe e é aqui!

É uma delícia acordar de manhã, espreguiçar-se e ir até a janela das varandas, abertas para a reserva de Mata Atlântica, fechar os olhos e respirar profundamente. O ar fresco e perfumado da mata que cerca a pousada, parece que purifica até a alma e você já se sente bem mais confortável consigo mesmo.
O cheiro de bolo fresco que vem da cozinha é outro aroma que te aguça os sentidos e o próximo passo é descer as escadas e rumar para o restaurante, onde um delicioso e completo café da manhã te aguarda. Bolos, tortas, frutas diversas, banana com granola, geléias e doces caseiros enchem os olhos e nos convidam para um demorado café da manhã.



Além das delícias à mesa, o ritual do café acaba sendo mais demorado ainda, porquê ninguém resiste a companhia dos passarinhos, que quase invadem a cozinha, em busca de migalhinhas de pão e pedacinhos de frutas. Alegres, barulhentos e com plumagens tão coloridas e diferentes, não há como ficar indiferente a essa cena e aí, pronto, você se esquece da vida, do dia de sol lá fora, das praias e dos passeios, e pode ficar assim, embevecida, por muito tempo, a contemplá-los.



Mas, quando finalmente, eles se sentirem satisfeitos e não olharem mais para a sua câmera, então, é hora de procurar outros atrativos, e isso é o que não falta, em Camburi. De carro, a pé, ou de bike, você está a apenas 5 kms de algumas das praias mais lindas da região: Camburi, Camburizinho e Praia da Baleia, isso se quiser ficar só com essas opções mais próximas. É difícil escolher entre cada uma delas, pois uma é mais charmosa do que a outra.
Praia da Baleia: águas tranquilas e e grande extensão de areia plana, ideal para boas caminhadas ou passeios de bike.

Praia da Baleia é um convite ao esporte. Devido a sua enorme extensão de areias brancas e lineares, é muito procurada pelos espíritos mais aventureiros que gostam de combinar sol, mar e ação. Assim, é comum encontrarmos muitos bikeiros logo de manhãzinha, pedalando na praia.

Ao longo do dia, as magrelas ficam encostadas nas barracas, esperando por mais um passeio no final da tarde. Ah, não estranhe se receber a visita de um exótico quero-quero que vem quase embaixo do seu guardassol, em busca de comida. Esse “manquinho” do vídeo é um habitante antigo do lugar e muito familiarizado com os banhistas. Manquitola, acaba sendo uma atração a parte, numa tarde preguiçosa de sol, quando me diverti com suas coreografias.

                                           A dança do quero-quero manquitola, na praia da Baleia!!!

Camburi já é a praia preferida dos surfistas devido as ondas mais altas que batem fortes na areia, um pouco mais irregular que a da Baleia, mas ótima pra exercitar as pernas. Para quem quer ficar só contemplando a paisagem, sem fazer muito esforço, essa é a praia ideal, também. Se você  não tiver levado cadeiras e guardassóis, não se preocupe.

Quase todos os barraqueiros vendedores de bebidas e comidas de praia são muito prestativos e sempre têm esses apetrechos a disposição. Então, se não estiver munido desses trecos indispensáveis para relaxar na areia, a pedida é “estacionar” próximo de uma barraca dessas, porquê aí a comida e a bebida estão garantidas, e você não tem mais com que se preocupar: só descansar, curtir o sol e a vista da praia que é um lindo cartão postal, por onde quer que seu olhar passeie.

Saída de barcos da Barra do Sahí: opção para passar o dia nas Ilhas, com mais privacidade.


Mas, se estiver a fim de uma opção bem divertida e com mais privacidade, ela pode ser conquistada alugando um barco, que sai da Barra do Sahi e te leva até as Ilhas – duas ilhotas, que ficam bem em frente às praias de Camburizinho e do Sahi. Os barqueiros permitem que se levem até coolers abastecidos com água e cerveja, além de cadeiras e guardassóis, o que garante o conforto dos turistas que se aventuram a passar um dia diferente, lagarteando ao sol por lá, até o sol quase se despedir no céu.



De volta ao Camburi Hostel, as noites são sempre aconchegantes, pois como o lugar fica numa área de reserva de Mata Atlântica, a temperatura é sempre mais fresca, e o Hostel possui muitas opções de relax e lazer. Alguns hóspedes simplesmente puxam uma cadeira, logo na entrada da casa assobradada, e ficam ali, horas, batendo papo, conhecendo pessoas, e claro, contemplando as estrelas. Outros, disputam movimentadas partidas de sinuca. Há aqueles, mais reservados, que preferem relaxar ou simplesmente ler, nos confortáveis sofás, dispostos em vários ambientes.

Mas a maioria está mesmo dando um tempo prá reconquistar energias e cair na balada. Lá pelas onze horas da noite, o estacionamento fica vazio. Quase todos os carros partem na mesma direção, em busca de boa música e agito, nas diversas danceterias que se espalham entre Camburi e Maresias: Galpão, a antiga e sempre em alta Sirena e agora, a Morokos, disputam a atenção dos baladeiros noturnos.

Lourdes, doceira de mão-cheia, que também ataca de guia nas trilhas de Camburi.
Deliciosa companhia!


Eu preferi a companhia da cozinheira Lourdes, que estava preparando deliciosos apfelstrudells, recheados com maçãs verdes e uvas secas, marinadas no vinho, para o café da manhã do dia seguinte. Enquanto ela esticava a massa, e ia preparando cada um dos pastelões, fomos batendo papo e fazendo fotos, até que todos estivessem prontos. Claro que fui recompensada e ganhei o primeiro pedaço, experimentando-o antes de todos os hóspedes. As fotos estão aí, prá você ficar com água na boca, também!!!!



Serviço: Camburi Hostel – camburihostelsertao@hotmail.com. Telefone: 12. 38653675





sexta-feira, 27 de agosto de 2010

SPA CHANTAO: REENCONTRO CONSIGO MESMO E COM A NATUREZA

Spa Chantao, na Serra do Japy: vivências terapêuticas como biodanza e xamanismo, caminhadas por trilhas perfumadas, meditação no templo budista, ofurô e massagens revigorantes. Tudo isso em um único dia, num espaço onde a natureza é espetacular e, o melhor, há apenas uma horinha de São Paulo.

Encravado na Serra do Japy, em Jundiaí, o Spa Chantao é um lugar dos mais bonitos que já conheci nas redondezas de São Paulo, e custa-me acreditar que esse oásis de repouso e beleza fica tão pertinho da capital, a apenas uma hora  de carro. Pouco divulgado, o espaço foi concebido pelo medico chinês Dr. Jo Eeljia, para funcionar com um SPA holístico, de tratamento do corpo, da mente, das emoções e do espírito. 

Entretanto, talvez por sua dimensão monumental, revelou-se inviável para funcionar com uma estrutura própria. Por isso, ele só abre para grupos fechados de felizardos que locam suas instalações para eventos ou para finais de semana especiais, só para relaxar e curtir um lugar paradisíaco. Delícias que a Terrazul, agencia de viagens especializada em programas para singles, organiza com frequência para seus clientes Vip´s, pois sua diretora Iolanda de Oliveira,  transformou o local em uma extensão de sua própria casa, nos arredores de São Paulo. Como uma carinhosa anfitriã, ela fica a vontade, recepcionando os convidados, que às vezes, preferem ir em seus próprios carros, no sábado de manhã, e lá passam o dia, entre uma vivência de biodanza e outra de xamanismo, como aconteceram neste sábado e domingo últimos. 
 Assim, sem muito alarido, são freqüentes as viagens relâmpago que ela organiza para os  habituês da Terrazul, prá fugir do estresse de São Paulo e aproveitar os prazeres proporcionados pelo Spa Chantao, que começam com a vista belíssima da Serra do Japy, e podem terminar num delicioso e fumegante banho de ofurô a 40oC, no final do dia. Mas antes, você ficará em dúvida entre caminhar por trilhas de bambu, nadar numa piscina com água azul turquesa, direto da fonte, ou simplesmente, sentar-se em uma espreguiçadeira e relaxar ao sol de quase setembro, respirando o ar puríssimo e perfumado, num misto exótico de eucaliptos e flamboyants.
O "fotógrafo" Kito e a  inseparável Sofia
Eu, a Sofia e o Kito chegamos lá no sábado de manhã, e após nos instalarmos num quarto aconchegante e superespaçoso, fomos caminhar e fotografar, nosso hobby preferido. Andávamos e parávamos, admirados com a beleza do lugar: descemos uma alameda calçada de tijolinhos, passamos por baixo de cipós, nos jogamos na grama para contemplar o lago, visitamos o templo dedicado a Buda, fotografamos a alameda de bambus verde-e-amarelos, e finalizamos o passeio nos divertindo com o esquilo paralisado no pé de coqueiro, em frente ao nosso quarto, morrendo de medo da Sofia. Sim, eu levei a minha querida cadelinha comigo, afinal, eu não teria coragem de deixá-la trancada no apartamento o dia inteirinho, sozinha, enquanto eu teria a beleza e o espaço infinitos do Spa Chantao, só para mim. É claro que ela  se divertiu muito, correndo prá lá e prá cá,  recebendo o carinho de todos os hóspedes, pois, afinal, vira-lata que se preze não abre mão de um afago, jamais, não é mesmo?
Perigo à vista: esquilo paralisado olha para a Sofia

Após o almoço, que não teve nada de light ou vegetariano, pois ninguém estava ali preocupado em perder quilinhos num único final de semana, fizemos uma aula de biodanza, orientada pela psicóloga Soraya Gazal. Uma experiência incrível, pois consegui me sentir como uma folha, sendo levada pelo vento, tamanha a sensação de leveza e bem estar que os movimentos inspirados pela música, me proporcionaram. Uma sensação maravilhosa!  Soraya é uma referencia nesse gênero de terapia que trabalha o corpo e as emoções, equilibrando-as por meio da música e dos movimentos, inspirados por ela. Foram duas horas de exercícios físicos, porém extremamente relaxantes. Algumas pessoas ainda tiveram pique para mais uma hora de caminhada, enquanto aproveitavam para ver o pôr do sol e se harmonizar mais um pouco, com a natureza.

 Um do caminhos que levam à àrea de lazer, com piscina, ofurô e bangalôs de massagens.
O templo budista é um dos refúgios erguidos no meio da natureza: meditar também é preciso...

Eu e o Kito decidimos pelo ofurô e massagens. Mergulhados a mais de 40oC,  ficamos batendo papo, com um grupo de pessoas, e só percebemos o tempo passar quando a minha pressão começou a baixar, por causa da temperatura elevada da água. Mas nada que me impedisse de rumar para um bangalô instalado ao lado das saunas e vestiários, coberto de sapé, bem ao estilo daqueles famosos spas de Bali, na Indonésia, onde era esperada pelo massoterapeuta Cleber. Discípulo do Dr.Jo Eeljia,  ele é um expert em shiatsu, do-in, massagens  antiestresse e dizem que faz milagres com as mãos. Mãos que cuidam, relaxam e, sobretudo, curam.

Mas a aventura holística ainda não tinha terminado. Após o lauto jantar, com direito a filé de peixe ao molho de alcaparras e legumes, quiches variados, e caldo verde, mais um evento inusitado: uma vivência de xamanismo. Como nunca havíamos participado de algo parecido, eu e o Kito estávamos entre curiosos e apreensivos, pois não tínhamos a menor idéia do que estaria por vir. Mas eis que fomos convidados a descer para um espaço de palestras, próximo da área de massagens, quando fomos surpreendidos por uma crepitante fogueira. Coordenada pelo Xamã Ilson Barros, com o apoio da terapeuta Soraya Gazal, a vivência começou com todos sentados em um círculo, quando ele falou um pouco sobre o significado do xamanismo. "Um retorno do homem ao estágio sagrado da natureza, pois o xamanismo era praticado pelos povos mais antigos que habitaram este planeta. Para eles, as divindades eram o sol, as estrelas, a lua, e a natureza, em todos os seus momentos e transformações", explicou.

Então, ele nos convidou a sair da sala, em silêncio, e ao som de músicas interpretadas por instrumentos de sopro, chocalhos e tambores, sugeriu um círculo em volta da fogueira, um relaxamento profundo, e a seguir, os primeiros movimentos inspirados pelos quatro elementos -- ar, fogo, água e terra -- começaram a brotar dos nossos corpos. A noite fria estava iluminada por uma incrível lua cheia, o céu era riscado de estrelas, e até o vento resolveu recolher-se ao silêncio de suas folhas. Só o barulho das chamas, que pareciam dançar ao ritmo da música, preenchia a noite mágica. Derrepente, as pessoas foram-se soltando, se afastando da fogueira, e entregues a seus próprios sons interiores, começaram a dançar, numa evocação poética do que era o mundo dos nossos ancestrais, que se deixavam levar pelos sons mágicos da natureza, em danças milenares em volta do fogo, pois celebravam a vida e também a morte, as colheitas fartas e também a fome. Durante duas horas, vivemos a experiência daqueles que amavam e se entregavam a Terra como a verdadeira Deusa Mãe.

Era passado de meia-noite, quando eu, o Kito e a Sofia,  voltamos para São Paulo: reenergizados e em paz. Descobrimos que a felicidade existe e mora aqui bem pertinho, num lugar chamado Spa Chantao.

Serviço:
Biodanza e Xamanismo - Ilson Barros Ramos e Soraya Gazal. Rua Bela Flor, 246 - Tel. 96829324
Terrazul - Tels. 11.30818958 - 11. 30623953 http://www.terrazul.tur.br/


domingo, 7 de setembro de 2008

Férias prá que te quero...


Aos vinte e poucos anos, eu sempre achei que campings ou albergues da juventude jamais seriam opçõe de hospedagens na minha vida, quando e se algum dia, tirasse férias. Viajei o Brasil inteiro, na década de 90, fazendo o Guia 4 Rodas da Editora Abril, e cheguei a editar justamente o famoso BB – Bom e Barato – que previa um gasto médio de apenas 40 dolares por casal, incluindo pousada, almoço e jantar, o que era digamos, è época, uma missão quase impossível. Munida de prancheta e caneta, porquê, apesar de ter-se passado apenas uma década, não tínhamos nenhuma dessas mordomias que a tecnologia hj nos proporciona, como laptops, wirelless, celulares, etc..etc.., fiz diversos roteiros do sul do litoral de São Paulo, do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, interior de São Paulo, nordeste inteiro, e, sim, claro, repórter das mais pentelhas que podia haver, visitava não só as acomodações, mas checava cozinhas, banheiros, localizações, a cortesia do atendimento, enfim, levantava tudo, nos mínimos detalhes,para que o turista e meu futuro leitor, não entrasse em nenhuma roubada.Detalhe importantísimo: como tinha acabado de deixar a Gerencia de Comunicação do Crowne Plaza de São Paulo, essa era a minha referência:nada menos que padrão cinco estrelas. Por 40 doláres!!!Hilário, para dizer o mínimo!!!!

A cada lugar paradisíaco que descobria, como Arraial do Cabo, Cabo Frio, Saquarema, São Pedro da Aldeia, no Rio de Janeiro, ou Ilha do Cardoso, em São Paulo, jurava voltar algum dia, aí, sim, a passeio, só para curtir as paisagens lindíssimas, o que nunca acabou acontecendo, porquê vida de repórter é muito dura, inclusive, na mais verdadeira expressão semântica da palavra, porquê nunca sobrava dinheiro para férias, nem o mínimo dos mínimos, que seriam os tais 40 dolares por dia. Sei que fiz um ótimo trabalho, para tanta gente desconhecida, que deve ter curtido muito, viajar tanto, se divertir e conhecer lugares fantásticos, gastando quase nada. Padrão cinco estrelas, não se esqueçam!!!( e não estou brincando!!!Cobrava lençóis de algodão, toalhas felpudas e brancas, cozinha inernacional,construções novas ou bem-conservadas, quartos epaçosos, cozinhas que fizem mais que o famoso pf -- prato feito de arroz, feijão e bife. (tinha convivido com grandes chef´s internacionais no Crowne, daí, atacava de gourmet, também, na hora de checar os cardápios.

E não podíamos nos identificar como repórteres do guia. Só no check-inn . Alguns donos ou empregados, se tivessem nos tratado mal, quase sofriam um enfarte, na nossa frente. E eu lá, parecendo mais uma sargentona da Gestapo que e uma réles repórter de turismo, de tão exigente. Graças a Deus que juventude tem cura!!!E quanto chegava a minha vez de tirar férias, as únicas opções que sobravam eram campings ou albergues, mas esses eu dispensava, porquê nunca encontrei nada que valesse a pena o sacrifício de trocar o meu banho diário com água quente e a minha cama confortável, meu colchão ortopédico, e uma in-se-pa-rá-vel luminária no criado mudo, para as minhas leituras noturnas, hábito que devo ter adquirido desde criança, quando aprendi a ler, mesmo que fosse à luz da lamparina, movida a querosene. (não, eu não tenho cem anos, mas no interior de São Paulo, na região rural, onde morei até os dez anos, luz elétrica só existia nas cidades, pelo menos até umas duas décadas atrás).

Pois não é que agora, depois dos 40, estou passando férias num albergue, em Camburi, no litoral norte de São Paulo, uma das regiões mais lindas do Brasil, e quiçá, do mundo????Gente, nem eu estou acreditando. Primeiro, a palavra albergue, que sempre teve um significado pejorativo, porquê se destinava ao abrigo de indigentes, no Brasil, no exterior ela tem conotação completamente diferente. São os chamados hostels. E eu descobri, agora, e felizmente, não mais como repórter-escrava da Editora Abril, mas por minha conta e risco – que finalmente esse conceito chegou ao Brasil.Quer dizer, fnalmente, prá mim, mas parece que os hostels já aportaram por aqui há mais de dez ou quinze anos anos. O Hostel Internnational de Campuri pertence a uma franquia internacional e pelas conversas com outros hóspedes, que já são clientes da casa, há anos, já está disseminado no País inteiro: Paraty, Ubatuba, Natal, Peruíbe, Maresias, só para citar alguns dos lugares que foram mencionados por aqui. Se forem tão sensacionais como esses, não é preciso ser um “repórter duro” para freqüentá-los.Aliás, outra coisa que me surpreendeu, foi o perfil dos hóspedes.

Não são só estudantes, em busca de lugares baratos, para curtir as férias, mas tem gente de todos os perfis. Profissionais liberais, executivos, estudantes, jornalistas, como eu (a única “chata” que trouxe computador e uma mala cheia de trabalho para fazer, ou seja, só fiquei mais velha, mas a fixação pelo trabalho, não mudou!!!) e o mais interessante é que eles já são clientes antigos do lugar, porquê sempre fazem questão de voltar nas próximas férias.Também, pudera, por 26 reais por dia, com café da manhã, que inclui até pão caseiro saindo direto do forno para a mesa, e mais acomodações, num espaço fantástico, que inclui quartos coletivos e suítes para casal, mesmo o banheiro – tb coletivo – (separados para homens e mulheres, claro!!!), tem chuveiros deliciosos, aquecidos com energia solar e água puríssima, direto das cachoeiras, além de piscina, sala de videoteca, biblioteca, (com excelentes títulos!!!), e até – pasmem!!! um espaço cultural, no meio da Mata Atântica, dotado de um piano, órgão eletrônico, violões e outros instrumentos de percussão, tocados pelos membros da própria família que dirige o hostel.

À noite, dependendo dos talentos dos hóspedes que vão aparecendo, os encontros podem se transformar em sessões jazzísticas, bluezeiras, pois o palco é livre e todos podem expressar seus dotes musicais, tocando ou cantando. Sexta-feira, dia do meu aniversário, parece que vai rolar até uma dança do ventre...além do bolo prestígio que já encomendei para a Graça, uma das cozinheiras supersimpáticas da casa, e que é responsável pelos dois ou três pãezinhos irresistíveis que estou comendo no café da manhã, já contrariando toda e qualquer decisão de ser rígida no regime em 2008.Mas agora que conquistei minha carta de alforria da Editora Abril, e de tantos outros lugares, onde trabalhei muito, sem comunhão de bens, porquê vou continuar insistindo em levar as coisas tão a ferro e fogo, como sempre fiz, achando que só assim viria o reconhecimento pelo meu trabalho, e, certamente, isso me faria ganhar dinheiro e de quebra, poder construir uma mansão de frente para o mar aqui no litoral norte, bem na praia da baleia, uma das mais lindas e “particulares” que existem por aqui??? Mas esse é assunto para o meu próximo post.